quarta-feira, outubro 31, 2007

THE RAVEONETTES- Lust, Lust, Lust

A dupla dinamarquesa RAVEONETTES vem engrossar o conjunto de lançamentos esperados desse formidável ano com o cd Lust, Lust, Lust( que deve sair em formato físico só em dezembro, mas já circula facilmente na internet). Os fãs da dupla formada em 2001 por Rose Wagner(g,v) e Sharin Foo(b,v), tendo como base uma mistura de JESUS AND MARY CHAIN, MY BLOODY VALENTINE e elementos de surf music/garage-rock, podem ter reações entre a alegria e a frustração de ouvir os mesmos timbres do álbuns anteriores. Se o ápice criativo da banda é o disco The Chain Gang of Love, de 2003, com ótimas canções e elementos variados muito bem colocados, parece ter havido um comodismo ou falta de criatividade no seguinte, Pretty in Black(2005) e nesse mais recente trabalho. O disco não chega a ser uma completa decepção, pois muitos dos elementos que criaram os hits anteriores da banda estão presentes(exemplos são as músicas Dead Sound, Aly Walk with Me, Hallucinations e Black Satin), mas a sensação que fica é a de escutar uma sobra dos discos anteriores tamanha é a semelhança das canções com as já lançadas pela banda. Talvez o fato de ter sido produzido pela própria dupla tenha criado esta repetição ou o sucesso alcançado nos álbuns anteriores. Lust, Lust, Lust pode ser uma boa iniciação aos que não conhecem a banda(escute You Want the Candy) ou mais um elemento de adoração para os fãs ardorosos. Certo mesmo é que fica longe dos melhores lançamentos do ano, o que é uma pena. Escute e tire suas conclusões.

segunda-feira, outubro 29, 2007

NEIL YOUNG- Chrome Dreams II

E este final de 2007 e brindado com mais um lançamento importante: o novo trabalho de NEIL YOUNG, Chrome Dreams II. Mantendo um ritmo constante de lançamentos nos últimos anos(este é o terceiro cd de inéditas em três anos consecutivos, mais dois ao vivos de gravações perdidas do início da carreira solo e o dvd Heart of Gold), ele demonstra que ainda tem muita vitalidade e talento para produzir belas canções. O título é uma alusão a um dos bootlegs mais famosos da história, o não lançado Chrome Dreams( disco que foi programado para lançamento mas acabou engavetado pela gravadora e virou um objeto de desejo entre os fãs do cantor), repetindo assim o ocorrido no lançamento de Harvest Moon de 1992(alusão ao álbum Harvest de 1972). O disco é um apanhado de belas canções, mas sem representar uma guinada na carreira do cantor e provavelmente dividirá opiniões entre os fãs. Na minha opinião esperar que Mr. YOUNG faça agora o disco de sua vida é algo, no mínimo, descabido, por tudo já feito ao longo de 40 anos de ótimos serviços ao rock´n´roll. O álbum traz um músico lúcido e com consciência de sua obra, brindando seu público com um apanhado de belas canções como Beautiful Bluebird, Boxcar, Ordinary People, No Hidden Path, The Way, The Believer & Dirty Old Man. Aqui temos reflexos de várias fases de YOUNG que funcionam muito bem na proposta que o disco tem: de ser um novo lançamento na carreira do artista. Ele poderia ter feito um disco melhor? claro. Ele poderia ter feito um disco pior? Claro. Mas vou insistir no que é, para mim, o ponto principal: NEIL YOUNG ainda tem muita vitalidade e talento para continuar com uma carreira consistente e digna e, nesse aspecto, Chrome Dreams II é a melhor prova. Baixe e boa diversão.

domingo, outubro 28, 2007

JESSE SYKES & THE SWEET HEREAFTER- Like Love & Lust

A resenha de hoje seria o novo disco de NEIL YOUNG, mas, ouvindo algumas novidades, descobri esse álbum de JESSE SYKES & THE SWEET HEREAFTER, que acabou tomando a frente do cd do mestre(no próximo prometo que Mr. YOUNG será homenageado aqui). Com uma carreira ligada ao underground americano a cantora JESSE SYKES não trará a você nenhuma nova mistura de sons ou ousadias instrumentais. Like Love Lust, seu terceiro álbum, é um disco simples e por isso mesmo belo. Ela começou sua carreira solo em 1999 ao lado do guitarrista Phil Wandscher, que lidera a SWEET HEREAFTER, com o primeiro cd, Reckless Burning, lançado em 2002. De lá para cá essa parceria rendeu bons frutos, colocando a cantora em várias turnês e festivais pelos EUA. Fazendo um som na linha da psicodelia e da música americana, tendo as mais variadas influências como NEIL YOUNG, UNCLE TUPELO, NEKO CASE, GRACE SLICK & LUCINDA WILLIANS, presentes de forma clara em Like Love & Lust. O disco tem um clima calmo e bucólico ao longo de suas 12 canções, com destaques para os belos arranjos, a voz suave de Jesse e a homogeneidade do conjunto do repertório. Para mim as melhores canções são The air is Thin, You Might Walk Away, Station Grey, I Like the Sound & Morning it Comes. Um álbum homogêneo, melancólico em alguns momentos, com um toque refinado e que merece ser escutado. Pode baixar e boa diversão.

quarta-feira, outubro 24, 2007

THEE MORE SHALLOWS- Book of Bad Breaks

Em um ano de inúmeros grandes lançamentos é impossível ouvir tudo de interessante lançado pelo mundo. Mesmo sem os "hypes" interessantes forem deixados de lado, temos muitas coisas boas para descobrirmos nesse fantástico universo da música, como o grupo THEE MORE SHALLOWS. Com um clima de shoegaze e inspiraçoes em sons eletrônicos, esse trio de São Francisco, formado por Dee Kesler, Chavo Fraser & Jason Gonzales, editou seu primeiro álbum em 2002, A History of Sport Fishing, e neste lançou o terceiro trabalho, chamado, Book of Bad Breaks. O grupo tem uma linha de som semelhante a bandas como GRANDADDY, HOOD & WHY? e neste terceiro saiu um pouco da linha shoegaze dos trabalhos anteriores, ampliando a mistura snora com um resultado interessante. A abertura com Eagle Rock deixa evidente a evolução da banda, que ingressa de vez no estilo indie experimental. The Dutch Fist e Night at the Knight School utilizam os sons eletrônicos para criam um clima de uma viagem ácida, embaladas por riffs marcantes. Int. 1 segue uma linha kraut, em seus breves dois minutos, mantida em Proud Trukeys, formando a melhor sequência do álbum. Outras boas canções são Fly Paper, Oh Yes, Another Mother(a mais comercial do cd) & Chrome Caps. Um bom álbum, que talvez desagrade aos que buscam um pop/rock de fácil assimilação, mas com certeza fará a alegria dos amantes de experiências sonoras inteligentes. Boa diversão.

domingo, outubro 21, 2007

HOLY FUCK- Lp

O rock instrumental em muitos casos, principalmente das bandas de pós- rock, oscila entre o belo e o cansativo, o que gera aversão por parte de algumas pessoas. O quarteto canadense HOLY FUCK, formado em 2004 na cidade de Montreal, foge dessa questão ao mistura o rock com a música eletrônica na medida certa, sendo uma das grandes descobertas desse ótimo 2007. Com seu primeiro cd lançado no ano de 2005, eles começaram logo a chamar a atenção da mídia, tendo excursionado com nomes como WOLF PARADE e !!!, desenvolvendo um som com claras referências de rock, eletrônica, krautrock e um pouco de experimentalismo, tendo como influências bandas como CAN, KRAFTWERK, NEU!, BOREDOMS & TRANS AM. Este ano o grupo foi considerado pela NME um dos destaques do festival de Glastonbury e vem neste embalo para lançar seu segundo, álbum intitulado sugestivamente de Lp. Super Inuit abre o disco e apresenta o cartão de visitas do grupo que é a música de qualidade. Faixas como Milk Shake, The Pulse, Echo Sam são ideias para as pistas de dança. sendo um convite a uma remixagem(e olha que sem remix elas já estão com os dois pés nas pistas!). Frenchy´s, Lovely Allen, Royal Gregory & Echo Sam(a melhor do disco para mim) mantém o climão do disco. Um álbum muito coeso e que deve ser escutado do início ao fim para compreensão do som do grupo. Pode baixar e boa diversão.

quarta-feira, outubro 17, 2007

ELETRIC SIX- I Shall Exterminate Everything Around Me That Restricts Me From Being The Master

Se as previsões sobre o colapso ambiental forem confirmadas e realmente ocorrer a falta de água potável devemos ficar alertas, pois algumas cidades devem ter o seu abastecimento mantido. Falo isso porque só as propriedades da água desses locais explica a qualidade de suas bandas. E com certeza Detroit é uma dessas, basta ver os inúmeros clássicos que surgiram nesta bela cidade americana(MC5 e WHITE STRIPES são bons exemplos). E dessas fontes surge o ótimo sexteto ELETRIC SIX, formado embrionariamente em 1996(como curiosidade temos o fato de que alguns dos membros do grupo tiveram uma banda que contou com a presença de Jack White), o grupo foi mudando sua formação até adotar o nome atual e lançou seu primeiro álbum em 2003 e está com seu quarto cd, I Shall Exterminate Everything Around Me That Restricts Me From Being The Master, saindo do forno. Com uma mescla de punk, garage, disco e pitadas de metal eles firmaram seu nome no underground americano graças a qualidade de seus lançamentos anteriores e que é mantida neste álbum de título imenso e recheado de ótimas canções. O interessante do ábum é a identificação clara das influências sem que isso signifique um tipo de plágio ou cópia. Músicas como Lucifer Airlines, White Trains(mescla de CREDENCE com HUMAN LEAGUE), Rip It, When a Get to the green Building, Kukuxumusu, Sexy Trash, I Don´t Like You & Dirty Looks(que encerra o álbum em um climão BOWIE) dão bem a dimensão do que falo. Um disco coeso de uma banda muito interessante, merecendo estar na sua lista de cds para baixar. Boa diversão.

quarta-feira, outubro 10, 2007

SHOCKING PINKS- Shocking Pinks

A sensação de descobrir uma boa banda é algo que me deixa muito feliz, principalmente quando começo a escutar o cd e não tenho vontade de tirá-lo de tão bom que ele é. A banda neozelandesa, de uma homem só, chamada SHOCKING PINKS conseguiu deixar meu dia mais alegre e interessante. na verdade temos aqui o talento do prodígio Nick Harte, mentor e cérebro do grupo, que começou com alguns lançamentos pelo prestigiado selo local Flying Nun e agora está indo buscar o prestígio mundial através do selo DFA(outro que dispensa apresentações). Esse cd é na verdade uma coletânea de trabalhos lançados(respectivamente os álbuns Dance the Dance Eletric, Mathematical Warfare & Infinity Land) em sua terra natal. As músicas são centradas na mistura de rock/pop com elementos eletrônicos, com influências de MY BLOOD VALENTINE, THE VERLAINES & JESUS AND MARY CHAIN, gerando canções no ponto certo para agradar aos fãs de rock ou de "coisas" mais modernas, podendo recordar o som que fez o sucesso das collage rádio americanas. This Aching Deal é a música para fazer você amar ou odiar o disco, com seu som oitentista. How I am Not Myself? mantém o clima animado, com destaque para os vocais de Nick. Aí vem uma série de canções, como Second Hand Girl, End of the World, The Narrator, Yes No, Victims & I Want You Back, que funcionam muito bem, todas redondas, e dão uma coesão ao álbum. Blonde Haired Girl é puro J&MC do início de carreira, com suas distorções e seu ritmo pesado. Uma agradável surpresa(principalmente se formos considerar ser uma coletânea), capaz de agradar aos estilos mais variados, e que merece ser ouvida. Boa diversão.

segunda-feira, outubro 08, 2007

SHE WANTS REVENGE- This is Forever

E mesmo chegando o final do ano a safra de lançamentos interessantes continua inundando as telas dos computadores e as memórias dos mp3 de plantão. 2007 está sendo o ano em que várias promessas lançaram seus "segundos" álbuns, com resultados dos mais variados possíveis, e várias novidades apareceram para alegrar os amantes da boa música. O SHE WANTS REVENGE está enquadrado no primeiro caso, com o lançamento de seu recente segundo cd, This is Forever. A banda tem por núcleo a dupla de DJs Justin Warfield & Adam Bravin, com o apoio de Scott Elis & Thomas Froggatt, tendo lançado seu primeiro álbum em 2006, seguindo uma linha de influências em bandas como JOY DIVISION, BAUHAUS & DEPECHE MODE. Seu primiero cd foi lançado no Brasil e teve boa receptividade, deixando uma boa expectativa para este segundo lançamento. Writen in Blood já deixa claro ao ouvinte o mix de mistura que a banda faz em seu som, mesmo que não consiga fugir muito de suas referências. Após ouvimos várias canções que remetem ao JOY, principalmente pelos vocais a la IAN CURTIS(Checking Out, Replacement, What I Want & Its Just Begun). Um bom disco, com claras referências no gótico e no pós-punk(não que isso seja problema, pelo contrário), que deve consolidar a banda e deixa uma esperança de um terceiro mais autoral, com uma mescla das influências para dar o passo a frente no som do grupo. Boa diversão.